meu amor de todos os dias!

já tinha imensas saudades de ouvir o vento tocar na minha janela e de passar a noite em claro a sentir cada gota de chuva! a única diferença foi que não estavas cá comigo, andavas perdido por uma noite de tempestade com os teus e deixaste-me plantada numa casa que nem sequer é a minha.
mas eu não mi importo! porque tive a sensação que a minha mãe tem todos os dias quando o meu pai chega a casa: aqueles segundos em que ele coloca a chave na fechadura e ela para o que está a fazer e no seu silêncio eu ouço "está de volta!". eu senti-o hoje quando voltas-te da tua noite e a chave deu as suas duas voltas na fechadura e delicadamente a fechaste para eu não acordar. o problema foi que não consegui dormir a noite toda, mas como sou uma boa actriz, fechei os olhos e esperei pela tua reacção.
entras-te no quarto, mudas-te de roupa e suavemente de deitas-te na cama agarras-te o meu corpo e disseste-me ao ouvido "tive saudades do teu cheiro!" eu sorri, voltei-me para ti e dei-te um beijinho e disse-te "ainda bem que voltas-te, pensei que me ias deixar aqui o resto da vida!" e tu, com o teu ar de engenheiro pré-formado disseste-me "nunca princesa, eu nunca o faria. não posso deixar a mulher da minha vida assim sozinha!".
e ficamos os dois assim, no silêncio de uma madrugada quase terminada onde o cheiro a amor já se fazia sentir pelo nosso pesado e delicado sono.