sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Sem tábus!

Tenho quase a certeza que este é o assunto mais temido em todo o mundo porque nenhum de nós sabe como lidar com ele. Aparece sorrateiramente, sem pedir licença, leva-nos em estado físico e não tem dó nem piedade para quem nos rodeia. Contra mim falo! Não sei lidar com este assunto, tenho um medo terrível de tudo o que lhe diz respeito e fico perdida quando se aproxima dos meus ou dos que conheço.
Falo da morte, a tão terrível morte! Conhecia quando estava na idade de pensar qual era a próxima asneira que ia fazer e não de me questionar sobre o porquê de nunca mais voltar a ver aquela pessoa. Nunca me esconderam nada e talvez tenha sido isso que me fez crescer mas ela parecia não querer ir-se embora, não queria deixar-nos. Ano após ano eu ouvia falar em histórias tristes, onde alguma coisa ficava destruída, onde se percebia que não se tinha dito tudo e onde se tinha a certeza que o tempo era curto demais.
Fui passando ao lado deste bicho papão até que, outra vez de forma silenciosa e absolutamente inexplicável, ele levou mais alguém que fazia parte de mim. Desta vez foi diferente porque a idade já me fez questionar o momento de outra forma mas mais do que isso, fez-me sentir raiva e vontade de travar uma luta para com ela! A pergunta que fazemos sempre "Porquê a nós?". Até hoje me pergunto mas já sem revolta, já sem dor porque o constante crescimento e uma certa fé me fazem acreditar que só se perdeu o que era físico, as memórias e vivências continuam guardadas e podem ser lembradas para sempre.
Hoje, quando a vi a tremer e de olhos cristalinos, também me vi a mim e sei que, embora cada um sinta as coisas de maneira diferente havia ali um poço de questões e revoltas por resolver. Sei que nunca lerá isto, que nunca saberá que foi o motivo das minhas linhas mas eu não podia deixar passar em branco todo este momento. Posso não a ajudar a ela mas talvez outro alguém que leia as minhas palavras encontro conforto e deixe de se sentir sozinho!
A vida e sobretudo o tempo, ensinam-nos a seguir em frente. Ninguém trará de volta o que perdemos e tanta falta nos faz, temos de ser racionais. Custa aceitar e pensamos logo que haviam tantos outros que podiam ser levados primeiro mas de que nos adianta? Somos apenas nós a tentar encontrar uma cama confortável para adormecer a nossa dor. A lembrança será tudo o que nos resta e eu garanto que será, em qualquer circunstância, um sorriso no rosto!
Não entendo o tamanho da sua dor e muito menos saberei explica-la porque ainda não vivi o suficiente mas como a própria já o disse "morreu com ele metade de mim". É doloroso mas sei que também irá nascer uma metade mais forte, sólida e segura para aguentar o que virá.
A solução é não pensar nela, viver ao máximo e ao limite. Dizer todos os dias às pessoas que fazem parte da nossa vida que gostamos delas, aproveitar todas as oportunidades e nunca deixar fugir o que nos faz realmente feliz. Nenhum de nós sabe quando o seu tempo ou dos que o rodeiam termina e é isso que trás encanto à vida!
Pode ser só fantasia minha mas um dia estaremos todos juntos outra vez e, quem sabe, para sempre.