terça-feira, 3 de janeiro de 2012

É rotina, é saudade!


Todos os santos dias elas teimam em bater-me à porta como se quisessem afirmar que estão aqui e eu não fosse capaz de sentir. Mal acordo lá toca o despertador delas e batem na porta do coração dizendo "Não te esqueças de nós!" e eu feita louca, destemida digo-lhes muito rapidamente "Entrem, já estão atrasadas!". Como posso ser assim? Dou-lhes logo permissão para atormentar o meu dia sem que seja preciso assinar um acordo e pedir-lhes algo em troca. Que gentil que sou!
Às vezes gostava de não as deixar entrar, de fazer de conta que não batem tão forte no meu peito e que não me deixam cheia de recordações que eu pensava adormecidas com o tempo. Mas é sempre mais forte que eu, é como se de uma fonte se trata-se e eu tivesse de as deixar entrar para o meu dia ter a sua força, só que no fim eu sei sempre que a força acaba e que quando volto a deitar-me e me deixo levar pelos encantos da minha almofada elas escorrem pelos olhos e as memórias que estiveram presentes durante o dia todo não passaram disso mesmo, de memórias. 
A falta do que mais gosto é enorme, mas já foi pior e sei que com o passar do tempo não vai doer mais e que irei sentir o peso de um hábito que não queria para mim. Mas a vida é assim, "tudo muda, tudo parte, tudo tem o seu avesso", este é o meu avesso.
Hoje, quando voltar ao quarto e encostar a cabeça à almofada sei que a rotina será igual à de tantos outros dias e amanhã lá estarão elas de volta a marcar presença no meu dia.
São elas as saudades, as saudades de quem se ama!