sexta-feira, 4 de março de 2011

e que tudo mais seja literatura!



pego no isqueiro esquecido na mala. dou asas ao gesto já mecânico e acendo o meu cigarro. os cheiros começam a fundir-se. estou em casa!
escrevo em pé. como se a inspiração quisesse tomar um caminho novo até chegar ao seu estado de graça. pego na caneta e já sinto os dedos quentes e sinto-os porque penso neles. sinto porque os vejo a ferver na minha inocência.
a minha letra começa a desenhar-se de uma súbita e espontânea vontade que vejo em sair de mim. começam a desenhar-se letras por trás de letras, começo a sentir que Eles também estão ali. não os vejo, mas sinto-os.
cresce em mim uma forte dor de alma! desenvolve-se um progressivo e agudo pensamento de angústia e a inquietação torna-se múltipla. consigo tornar-me no que não sou mas ao mesmo tempo vejo nisso uma escapatória simples.
há um barulho de fundo que me incomoda e um silêncio nos meus olhos que me mata. mas Eles estão tão vivos que os sinto a sair a cada letra. os meus dedos fervem cada vez e eu já não consigo segurar a caneta. agora é ela que me segura e transporta o meu pensamento e as almas que estão com ele.
não sei quantas almas tenho, não sei que febre é esta nem que mundo estou eu hoje a desenhar. mas que importa? nunca reconhecerão o valor da minha letra, o brilho da minha tinta e a melodia dos meus versos. serei sempre mais uma. seremos sempre mais uns!
pobre dor de alma! pobre pensamento! pobres de nós! pobres dEles que nem sabem quem são ao certo nem os conheço. mas criei-os. não lhes dei nome, nem data, nem hora. dei-lhes vida e rumo. tudo o resto é literatura.

4 comentários:

  1. a música é linda <3
    e o teu post maravilhoso *.*

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  2. Anónimo3/08/2011

    Adoro vir aqui, após algum tempo de ausência, e ver que o teu talento continua o mesmo! :)

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  3. Anónimo3/09/2011

    uma maravilha *

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  4. ela tem uma voz inconfundivel, é perfeita!
    que blog tão giro :)

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Posso não concordar com nenhuma das palavras que tu disseres, mas defenderei até à morte o direito de tu as dizeres.
Voltaire