Um pedido de mesa!

Eu sabia que hoje não me devia ter levantado da cama! Sabia que devia ter ficado amarrada aos meus lençóis e deixar o resto do dia passar por mim. Mas não, feita burra decidi ir contra ao que me apetecia fazer e levantei-me, tomei um duche e fui ver os carros passar da minha varanda.
Já ai tive a certeza que não devia ter saído da cama! Para além de ver os carros, consegui ver pessoas tão mas tão felizes, nem imaginam. E não pensem que tive inveja, porque não tive. Apenas fiquei ainda pior, apenas me doeu mais estar acordada. E depois, para me ajudar ainda mais só via casais felizes, casais a passear o seu amor para quem quisesse ver, casais a mostrem ao mundo que o amor ainda existe. E aí é que foi a gota de água. Senti-me tão mal com o que estava a ver que saí a correr da varanda e fechei-me às sete chaves no meu escritório. Liguei a música no máximo e fiquei a chorar o tempo todo. Não me perguntem porquê, mas o meu coração estava mole e desfeito.
Acordei mesmo mal! Nem sei o que se passou, ou melhor, sei mas também não interessa.
As horas passaram, as músicas também e tudo o que passou era música boa. Era música que em outras alturas me davam vontade de cantar e dançar. Naquele momento aquelas músicas só me davam vontade de partir tudo à minha volta, só me davam vontade de me livrar de fantasmas e de deitar fora todos estes pesadelos! E depois, ia pedindo baixinho ao modo aleatório do media player que não me desse nenhum desgosto. E até aprece que sou bruxa! Mal pedi isto, lá estava ele a dar-me um desgosto dos grandes. Foi logo passar a última música que eu queria ouvir. Mas fiz-me de forte e ouvi até ao fim, com as lágrimas a caírem em 100km/segundo!
É tão triste quando sentimos que perdemos o chão, quando sentimos que nada nem ninguém nos entende! E neste momento é assim que me sinto, perdi e sem sentido nenhum! E a culpa disto é de não ter ninguém ao meu lado a dar-me alento, a dar-me mimos e abraços, a dizer-me coisas bonitas.
Que estranho eu estar a dizer isto, eu que digo que não me quero casar, que não quero ter um homem comigo e que não quero estar presa a ninguém a minha vida inteira. Eu que juro isto a mim mesma e a quem me conhece, estou a admitir que sinto falta de ter alguém ao meu lado! Sinto mesmo, acreditem que estou a dizer a verdade.
Sinto falta do amor, do cheiro, do carinho, das palavras, dos amores, dos risos, dos choros e de todas as coisas. Sinto falta e saudades. Muitas!
Mas porquê sentir isto agora? Porquê agora que tudo estava a correr bem?
Ó maldita insegurança! Ó maldita imagem que criei de mim! Ó maldita tristeza incrédula do meu coração! Ó dor de amor!
O melhor mesmo era ter ficado na cama, a ver filmes e a ver o dia passar! Talvez se o tivesse feito agora não estava num beco sem saída, não estava sem voz e sem dores de peito!
Talvez se o tivesse feito agora não sentia um peso no ar que respiro nem em tudo o que se está a passar.
Se o tivesse feito não me apetecesse sair agora de casa, correr rua abaixo e parar em tua casa e dizer que és o homem da minha vida e que já não aguento mais ficar sem ti!


P.s.- Um príncipe encantado para a rua dos amores perdidos, por favor!