segunda-feira, 6 de setembro de 2010

#7 LETTER TO YOUR EX-BOYFRIEND/GIRLFRIEND/LOVE/CRUSH


De todas as cartas, de todos os poemas, bilhetes, mails e mensagens que recebias meus durante todo o tempo que estivemos juntos eu fui sempre um livro aberto! Um livro cheio de páginas em branco prontas a serem escritas com as coisas boas e também as menos boas que eram nossas.
Tenho de admitir que a forma como soube da tua existência não me agradou muito! Não sabia quem eras, como eras e muito menos me foi dado de ti uma boa imagem. Mas mesmo assim, achei que devia conhecer-te.
Ainda me lembro da primeira mensagem que recebi tua. Estava eu na minha maravilhosa aula de matemática de 10º ano e o meu telemóvel decide tocar e como estava sem professora eu decidi responder! Confesso que não tinha vontade nenhuma de o fazer, tinha medo e nem sequer sabia no que me estava a meter.
Acho que um lado que eu nem sequer conheço falou mais alto e eu deixei me ir! E hoje não me arrependo de o ter feito.
E acredites ou não eu lembro-me de tudo! Até me lembro que no primeiro dia que falamos estavas a usar as sapatilhas da tua irmã e que tiveste de sair da aula para trocar porque elas te magoavam. É estranho não é? Mas eu lembro-me!
Sou até capaz de me lembrar da primeira vez que ouvi a tua voz. Numa das nossas chamadas que se alongavam pela noite fora, fosse qual fosse o tempo em que eram feitas. Era como se não existisse nada para além de nós, era como se conseguíssemos fazer tudo e o tempo nos desse asas para isso! E a tua voz era tão bonita, tão doce, tão meiga e tudo isto num sussurro que ainda hoje não conheci igual.
E tenho saudades de a ouvir, de te ouvir! Tenho saudades daquela sinceridade que acompanhava tudo o que me dizias. Tenho até saudades das histórias que me contavas. Da Matilde e de tudo o que vocês passaram, das tuas aulas, da tua casa, dos teus amigos, dos teus sonhos e dos teus medos. De tudo o que era teu.
E era nesses momentos que eu sabia quem tu eras, o que tu eras e o que eu podia esperar de ti.
Sabes o que me custou mais no meio disto tudo? Ter-te deixado naquela tarde!
Acho que foi o maior erro da minha vida. E hoje, se pudesse voltar atrás era a única coisa que eu mudava, a única! Porque aquele foi o dia dos poucos dias em que acordei com vontade de sair à rua, de descer estas ruas, de sentir o cheiro a mar, de me arranjar, de ser eu. E quem me dera ter parado o tempo, ter ficado contigo o resto do dia, ter olhado para ti sei lá mais quantas vezes. Sei lá! Apenas ter ficado ali, contigo. Era suficiente para mim.
Mas não, eu não podia! Eu tinha de vir embora. Acredita que não o queria ter feito, não queria mesmo.
E lembro-me da tua cara, dos teus olhos brilhantes, da tua roupa, do teu telemóvel e do que me disseste olhos nos olhos depois de eu ler a mensagem que estava no fundo do teu telefone.
Mas a partir dai tudo foi diferente! Tudo mudou e eu nem sequer fui capaz de perceber que as coisas tinham mudado, não fui capaz de o evitar e sinto-me imensas vezes culpada por isso.
A mensagem que me enviaste foi dolorosa! Custou-me imenso lê-la, custou aceitar o que estava lá escrito e custou ainda mais passar os dias sem ti.
E acho que as saudades se mostram como as minhas maiores amigas! E se não fosse a tua fotografia que eu guardo religiosamente no meu baú, eu não tinha conseguido seguir em frente. Tinha desistido, tinha mudado de cidade, de rumo ou até teria aproveitado outras oportunidades que não aproveitei!
Pelo menos a tua fotografia não me deixou. Não foi embora como tu foste, não me deveu uma explicação, não me fez chorar todas as noites, não me fez querer ir embora e não me mostrou um lado mau. Ela pelo menos ficou comigo, chorou comigo e ao vê-la, eu sentia que de uma maneira ou de outra o miúdo que estava nela me dava força e que me queria bem!
E tudo mudou, tudo passou e o tempo continuou a andar! A vida não parou! Felizmente ou infelizmente para mim.
Nunca mais soube nada de ti. Como estavas, o que fazias, como tinha ficado a tua vida, se tinhas realizado os teus sonhos, ultrapassado os teus medos. E acho que nisso os meus amigos foram os melhores actores! Pois mesmo sabendo tudo, nunca deram respostas às minhas dúvidas e nem sequer as alimentaram porque sabia que eu iria voltar a sofrer.
Agora, passado tanto tempo voltei a encontrar-te! Estás diferente, mas consigo ver em ti a mesma pessoa que eu conheci em tempos e sei que ela ainda existe.
Mudaste muito comigo, não sei porquê, mas mudaste.
E com isto tudo só te queria dizer que tenho saudades tuas! Tenho muitas saudades! Sei que nada do que disse fará alguma diferença e que quando leres a tua reacção será igual a tantas outras e no final quem irá voltar a sofrer serei eu, mas deixa lá. Também será a última vez que voltarei a abrir o livro e que escreverei nele as saudades que sinto de tudo o que fomos. E apesar de estarmos longe, sempre que vou à tua terra lembro-me de ti e quase que te vejo em todo o lado! Vai-se lá saber porquê.
Talvez já tenha dito demais e por isso, vou terminar esta carta dizendo-te que te guardo no meu baú como a melhor recordação do mundo! Porque no fundo, quando me lembro de ti, lembro-me de mim em outros tempos.
Com toda a minha sinceridade, com um beijo enorme e com um sentimento que nunca mudou daquela a quem chamavas de princesa!
P.s.- se um dia quiseres voltar e escrever mais uma página neste livro, eu posso abri-lo de novo. Até porque um dia eu vou gostar de contar a nossa história aos meus filhos! E por falar em filhos, não penses que me esqueci que um dia terei uma filha chamada Matilde, assim como tu também terás uma!

8 comentários:

Posso não concordar com nenhuma das palavras que tu disseres, mas defenderei até à morte o direito de tu as dizeres.
Voltaire