segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

sonhos de uma bola de sabão

quis que voa-se mais alto do que conseguia. quis que acredita-se que o que podia fazer era sempre mais e mais. quis que conquista-se tudo o que estava à minha volta. mas nada feito!
tentei que remedia-se os estragos, tentei que volta-se a subir a montanha, tentei que supra-se os sonhos com ainda mais força. juntei mais sabão à água e pedi aos deuses que a minha poção desse resultado. mas nada mudou!
não quis dar-me como perdida e voltei a tentar. fiz tudo de novo. só mudei o espaço.
corri até à décima rua, da terceira avenida. fui para o centro e fiz com que os carros parassem. depois, abri o frasco que determinava a minha capacidade de conquista, enchi os pulmões com o máximo de ar e com toda a força soprei a minha poção. e sem eu dar conta, os sonhos começaram a fluir. enquanto cada bola se deixava levar pelo vento, um dos meus sonhos deixava-se ir com ela. eu tinha conseguido!
a rua ficou imóvel aos meus actos. ninguém deu importância e eu senti-me inútil.
quis sair dali o mais rápido possível e fui para o parque. talvez lá pudesse sonhar com quem me compreendesse melhor, afinal sou uma criança. mas não, o parque estava vazio!
não me importei e voltei a soltar a minha poção com toda a força e os sonhos voltaram a deixar-se levar pelo vento e eu, eu sentia-me realizada.
sem me aperceber um velho chegou ao pé de mim e ficou a observar tudo o que eu fazia. não me disse uma única palavra, nem sequer me sorriu. eu continuei a soltar sonhos na esperança de estar também a soltar os dele. derrepente, o velho desapareceu no meio do parque enquanto eu me aproximava do banco onde ele estava sentado. ele tinha deixado lá um bilhete.
não sabia se era para mim ou se ele estaria à espera de alguém mas, a minha curiosidade superou tudo e li o bilhete: "os meus sonhos já morreram. eu não tenho mais idade para sonhar. mas um dia, fui como tu. soltei os meus sonhos numa poção. infelizmente, nunca deu resultado. fui eu que matei os meus sonhos. e sabes porquê? porque os deixei morrer dentro de uma bola de sabão!".
Velho, será que eu estou a matar os meus sonhos? será que também os estou a deixar morrer dentro de uma bola de sabão?


a verdade é que já não há sonhos, eles também morreram. para onde foram? sinceramente, não sei!
só queria voltar a sonhar como tu. queria ter uma esperança no fundo de tudo, queria voltar a ser feliz a sonhar.
afinal, quem não tem sonhos?

2 comentários:

  1. Anónimo1/18/2010

    que lindo. dizias tu não escrever bem? não só escreves bem como tens uma capacidade linda de tornar o que sentes em pura ficção.
    gostei mesmo muito, pequenina. continua <3

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  2. que querida ró, obrigada!
    mas a verdade é que não escrevo bem.
    <3

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Posso não concordar com nenhuma das palavras que tu disseres, mas defenderei até à morte o direito de tu as dizeres.
Voltaire